O que é mito e o que
é verdade sobre substituição dos dentes?
A maioria dos pacientes busca a substituição
dos dentes anteriores mais do que os dentes posteriores por razões estéticas.
Em muitos casos, o custo e a necessidade real da substituição de todos os
dentes ausentes devem ser cuidadosamente considerados. Outro mito que existe é
que dentes ausentes devem ser substituídos para evitar os possíveis efeitos
prejudiciais sobre a dentição. No entanto, existe uma diferença substancial
entre a avaliação do profissional e a percepção do paciente sobre a necessidade
de reabilitação protética. Muitas vezes, o paciente não tem todos os dentes e,
mesmo assim, não apresenta deficiência mastigatória ou outras alterações
patológicas como consequência.
Obviamente,
é preciso diferenciar caso a caso. Por exemplo, se tenho uma ausência entre
outros dentes teremos consequências como inclinação dos dentes próximos ao
espaço e os dentes antagonistas (opostos) também mudarão de posição podendo
levar a um desequilíbrio oclusal, contatos dentários que não deveriam
existir. Esses dentes precisam ser
substituídos!
Arco dental reduzido
Existe
um conceito chamado arco dental reduzido proposto por Kaiser e colaboradores em
1981. É desse conceito que estou falando quando me refiro a não precisarmos
substituir todos os dentes. Em 1992, a Organização Mundial da Saúde afirmou que
uma dentição funcional e estética requer 20 dentes bem distribuídos. Temos muitos pacientes idosos que mantem seus
dentes em boca, mas não em sua totalidade. Não devemos indicar a substituição
total desses dentes, defendendo uma melhora na qualidade de vida ou mesmo da
função mastigatória. Muitos pacientes apresentam alterações médicas que
inviabilizam um tratamento complexo. Nestes casos podemos considerar o arco
dental reduzido. Outro fator que devemos considerar é que o arco dental
reduzido proporciona uma maior facilidade de higienização.
Vivemos
um momento de crise e de atenção crescente a abordagens mais simples, mas, com
resultados satisfatórios e essa alternativa terapêutica tem sido amplamente
aceita pelos dentistas e pacientes devido ao aumento da população de idosos e
às mudanças econômicas em andamento que afetam pacientes com recursos
financeiros limitados. Chamo a atenção para uma abordagem mais simples e
eficiente, mas, que deve ser avaliada com o dentista. Cada caso é um caso! Não
se trata de uma panaceia!
Leitura sugerida:
Manola, M., Hussain, F. & Millar, B. Is the shortened
dental arch still a satisfactory option?. Br Dent J 223, 108–112 (2017).
https://doi.org/10.1038/sj.bdj.2017.625